Somos um movimento de organizações da sociedade que a partir da identificação, sistematização e mapeamento de experiências procura se articular no estado com o objetivo de fortalecer as iniciativas agroecológicas
Por Priscila Viana (CPT – RJ)
Neste momento de pandemia e acirramento da desigualdade social, a CPT articulou a Campanha de Solidariedade Campo-Cidade, uma ação conjunta com o MPA, a paróquia de travessão e a Campanha Resista Campos.
Essa ação emergencial de apoio às famílias atingidas pela pandemia de COVID-19 possibilitou a entrega para nossas irmãs e irmãos muito além do alimento físico, mas a solidariedade de todas e todos. Conseguimos entregar mais de 200 cestas básicas para algumas famílias que estão em situação de vulnerabilidade social e econômica agravado por esse momento de quarentena, e também pelo aprofundamento recente das políticas neoliberais.
Muitas famílias da região não conseguiram ser aprovadas no auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal. Nesse momento, ações de solidariedade e apoio mútuo como estas são a possibilidade de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade saiam desta situação. A união campo-cidade contribui para a resistência e enfrentamento dessa situação e assim juntas/os nos alimentarmos de vida e de esperança, tecendo redes de resistências em nossos territórios, bairros e casas.
Nós estamos vivendo uma complexa e difícil realidade com o avanço da pandemia do COVID – 19 no Brasil que já matou mais de 35 mil pessoas. Os riscos são maiores ainda entre as populações que têm seus direitos básicos negados e por isso o enfrentamento à COVID-19 deve ser encarado de maneira séria para evitar a contaminação do coronavírus entre nós. Por isso nossas famílias e comunidades precisam mudar as rotinas e adotar estratégias de proteção coletiva. Neste momento não podemos perder a esperança em defesa do direito à vida em condições dignas, devemos reivindicar nossos direitos e desenhar estratégias para enfrentar a situação, de maneira segura, reforçando a solidariedade entre os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
Estamos na contramão do projeto de morte defendido pelo governo. Um projeto baseado na exploração e opressão do povo pela elite que promove desde sempre injustiças sociais e ganância dos ricos, disseminação do ódio e da violência e destruição da nossa Casa-Comum. Adoram o Deus Dinheiro. O Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo segundo a ONU que afirma “o 1% mais rico concentra 28,3% da renda total do país”. Quase um terço da renda está nas mãos dos mais ricos. Já os 10 % mais ricos do Brasil concentram 41,9% da renda total. Enquanto isso a taxa de desemprego de jovens atinge 27,1%, sem falar nos mais de 12 milhões de pessoas desempregadas e a informalidade batendo a taxa de 50%. Isso é um absurdo! É imoral!
Defendemos o projeto da Agroecologia que se preocupa com a vida em toda sua forma, seja humana, vegetal ou animal. Defendemos os ecossistemas como nosso habitat maior, nossa casa-comum. A agroecologia cumpre um papel fundamental na alimentação saudável da população seja no campo ou na cidade. A pandemia nos adverte a uma conversão ecológica, devemos apostar em uma ecologia integral. Para isso precisamos redefinir a noção sociedade-natureza. O planeta está sendo saqueado para produzir coisas descartáveis por uma ganância consumista e a humanidade necessita repensar o modo de desenvolvimento capitalista e suas formas de acelerar processos bioquímicos da Terra. É essencial a defesa da agroecologia como projeto político que se contrapõe ao modelo atual.
Campos dos Goytacazes, 09 de junho de 2020.